Normalmente desprezada, a acústica deveria ser prioridade para quem busca montar um sistema de som de alta-fidelidade.
A Importância da Acústica em Sistemas de Som
De: Eduardo Martins
O Desprezo Pela Acústica
Infelizmente, o mercado parece muitas vezes ignorar o que realmente é importante, como a acústica de uma sala, e acaba dando elevado destaque a equipamentos e acessórios inúteis.
Publicações “especializadas”, fóruns, “consultores”, revisores de produtos e tantos outros segmentos de formação de opinião preferem destacar equipamentos, cabos e outros produtos, e afastam o consumidor (*1) daquilo que podemos considerar como elemento de maior impacto no resultado final de um sistema de som.
Já vi “experientes” audiófilos e articulistas divulgando informações realmente contraditórias em relação aos pontos que realmente merecem a nossa especial atenção.
Li um teste de um amplificador onde o avaliador teceu grandes elogios ao modelo, e lhe concedeu a honra de levar a classificação mais elevada em sua precária metodologia de testes.
Mais tarde, vejo um leitor de Minas Gerais perguntando qual o melhor cabo para usar com aquele amplificador, tendo em vista que adquiriu um deixando-se levar pelo “teste publicitário” (*2).
A resposta do editor foi de que ele deveria utilizar cabos que destacassem pouco a região dos agudos, pois o amplificador citado apresentava uma “proeminência” nesta faixa.
São fatos como este acima que me irritam profundamente neste hobby, pois demonstram a total falta de compromisso do avaliador com o desempenho do produto. Por isso defendo que avaliadores e consultores deveriam ter uma base de formação mais sólida, com conhecimentos de ciências como a eletrônica, a acústica e outras, não perdendo tempo em criticar, por exemplo, aquele dedicado profissional que passou 6 anos ou mais sentado em cadeiras de faculdade, e mais décadas em desenvolvimento e pesquisas em sua área.
Ao fazer tal comentário em resposta ao leitor, implicitamente, ou explicitamente, o editor deixou claro que o amplificador possui um desequilíbrio em sua curva de resposta de frequências.
Com toda a tecnologia que temos hoje e com o alto custo de um equipamento de tão elevado nível “high-end”, seria ainda admissível um amplificador não fornecer uma resposta plana de frequências? Isso é básico em equipamentos que custam até menos de US$ 1.000, então o que dizer de um amplificador que custa mais de US$ 14.000?
Parece piada, mas não é. O equipamento foi ainda agraciado com a melhor classificação disponível pela publicação.
Mas, o consumidor terá que escolher um cabo que “atenue” um defeito dele, e se um dia trocar o modelo, o seu cabo também poderá perder as suas “virtudes” de “abafar” os agudos, quando, por exemplo, ele adquirir outro amplificador com uma resposta linear, ou correta, melhor dizendo.
É o mesmo que elogiar uma mesa de trabalho, dar a melhor nota possível para esta mesa, e depois recomendar que se coloque um calço embaixo de uma de suas pernas porque ela é mais curta que as demais, e isso faz a mesa balançar. É um remendo, nada mais que um remendo para corrigir um grave desvio de qualidade.
A minha opinião é simples, se um amplificador não apresenta um desempenho correto, troque-o, e busque outro que o faça, mas não tente “remendar” o problema com cabos.
Cabos elétricos para áudio não servem para corrigir (ou ajustar) sistemas de som. Isso é uma mentira criada para fazer o consumidor colecionar cabos caros em supostos “upgrades”.
Em compensação, a acústica de uma sala é tratada com quase total desprezo, porém, é de uma importância infinitamente maior do que a de um cabinho elétrico.
A Importância da Acústica em um Sistema de Som
Primeiro, temos que entender que um sistema de som não se limita aos equipamentos eletrônicos e caixas- acústicas.
O sistema de som deve ser visto de forma mais ampla, envolvendo a instalação elétrica, a acústica da sala de audição e até os nossos ouvidos que, como já sabemos, são diferentes e percebem os sons de forma particular.
Ou seja, o conceito de sistema de som é mais amplo do que aquele que normalmente o mercado se limita a abordar.
A acústica tem um papel fundamental no desempenho de um sistema de som. Ela interfere muito mais no resultado final do que amplificadores, por exemplo, do que players de um modo geral, e possui uma importância ainda bem maior quando comparada com cabos. Mas, ainda assim, ocupa o segundo, terceiro ou quarto plano no interesse do consumidor.
Para se ter uma idéia da importância da acústica, podemos citar um fato típico observado no dia a dia.
Normalmente o consumidor valoriza caixas acústicas que apresentam variações inferiores a 3dB na sua curva de resposta de frequências, mas despreza o fato de que a acústica é capaz de provocar variações de 15 ou mais decibéis no resultado final destas mesmas caixas. Eu mesmo já presenciei variações de mais de 30dB !!!
Então pergunto, qual a vantagem de um amplificador caríssimo, ou de caixas de som de elevado nível de desempenho, se ao final dependemos das condições acústicas da sala para que este desempenho se mantenha?
Se desejarmos um sistema com resposta “plana”, ou mesmo customizada, temos que ter controle sobre a acústica, ou jamais conseguiremos atingir o nível de qualidade desejado.
As condições acústicas de nossa sala provocam fortes variações no resultado final.
Jamais imagine que esses casos são isolados. Pelo contrário, eles são a regra.
Já tive oportunidade de avaliar diversas salas, e até hoje não encontrei uma que tivesse uma acústica correta para receber os equipamentos e apresentar um desempenho exemplar.
Até mesmo as soluções apontadas pelo mercado são equivocadas, como veremos num próximo artigo onde apresentarei o resultado de longas pesquisas, discussão com especialistas e testes que coloquei em prática durante o desenvolvimento da minha nova sala. Um grande exemplo disso são os painéis difusores, sejam aqueles injetados em plástico ou fabricado com tocos de madeira em “complexos arranjos criados por computador”. Estes painéis mais prejudicam do que ajudam. E isso sem contar outros acessórios “mágicos” que aparecem no mercado de tempos em tempos.
Como Avaliar as Condições de Acústica de Uma Sala
Em primeiro lugar, precisamos entender algo que é de suma importância: avaliações corretas e precisas dependem de medições com equipamentos apropriados.
Muitos defendem que a experiência com audições ao vivo “treinam” os ouvidos para perceberem desvios acústicos de uma sala. Esta é outra bobagem apregoada pelos subjetivistas que acreditam na precisão absoluta dos seus ouvidos.
Sabemos, antes de qualquer outra coisa, que os nossos ouvidos possuem características de audições que variam de pessoa para pessoa. Não bastasse isso, já estamos cansados de ler destes mesmos “entendidos” que salas de apresentação de eventos ao vivo interferem significativamente no resultado final daquilo que ouvimos, ou seja, cada sala tem a sua condição acústica e, portanto, a referência ao vivo pode facilmente nos levar ao erro quando transportamos essa experiência para a nossa sala.
Precisamos ter uma “radiografia” das condições acústicas de nossa sala antes de começarmos a tirar qualquer conclusão sobre a sua situação e as correções necessárias, seja para obter uma resposta plana ou customizada (mais desejável e correta). Mas, sem uma visão clara da situação, fica difícil uma avaliação mais precisa.
Os subjetivistas, aqueles que possuem pouco conhecimento técnico e muita confiança nas suas interpretações “de orelha”, erram ao desprezar a aplicação da ciência e de medições acústicas precisas e confiáveis. Talvez achem também que todos estes exames médicos como radiografia, ultrassom, ressonância, análises de laboratório e tantos outros solicitados pelos médicos são apenas bobagens, e que um médico experiente é somente capaz de descobrir o problema do paciente “de ouvido”, por um processo olfativo ou apenas olhando os olhos do paciente. Claro que problemas mais comuns podem ser imaginados, mas não há qualquer precisão nisso. Se um neurocirurgião (como foi o saudoso amigo Dr. Paulo Dias) não tiver uma avaliação precisa da existência de um tumor no cérebro, sua posição e tamanho, dificilmente conseguirá fazer uma cirurgia precisa e segura. Sem exames adequados de outras condições clínicas do paciente, talvez nem tenha segurança para fazer esta cirurgia.
A acústica é tão complexa quanto a avaliação clínica. As paredes, a altura do teto, o posicionamento das caixas acústicas, os objetos existentes dentro de uma sala e até uma pequena janela aberta podem provocar interações que afetam significativamente o resultado final.
Para podermos “enxergar” os problemas acústicos de nossa sala precisamos de equipamentos apropriados, como analisadores específicos que fornecem uma curva bastante precisa do que acontece com as frequências sonoras no ambiente de audição. E acreditem, estas curvas são impactantes pelas grandes variações que mostram. Por essa razão, é que não devemos usar cabinhos para tentar corrigir estes desvios, pois é impossível, e repito, não existe a menor possibilidade de um cabinho fazer as correções pontuais e nas intensidades necessárias para o ajuste “bruto ou fino” do nosso sistema de som.
Para quem deseja conhecer os problemas acústicos de sua sala, estes analisadores fornecem as ferramentas necessárias para isso. Quem prefere algo mais “automático” pode usar dispositivos que fazem essa leitura e já realizam boa parte das correções necessárias de forma autônoma, sem qualquer complicação.
O Uso de Analisadores de Acústica
Os dispositivos de análise acústica, conhecidos também como “analisadores de sala” na tradução do inglês, são capazes de fornecer gráficos mostrando claramente as condições acústicas de nossa sala.
Eles parecem complexos num primeiro contato, mas mesmo um amador com um mínimo de conhecimento sobre seu uso pode extrair as informações de que precisa para ajustar com bastante precisão a sua sala. Claro que, quanto maior for o conhecimento de seu uso e da interpretação dos resultados, tanto melhor será esta precisão.
Mas, existem informações detalhadas sobre este tema na internet, e podemos até criar um artigo com este objetivo aqui.
Alguns devem imaginar que uma análise como esta exige equipamentos caros e de alta complexidade. Isso é outro engano.
Com o uso de um notebook e um dispositivo analisador podemos ter em mãos tudo que precisamos para esta análise.
Eu, normalmente, faço uso de um produto chamado Room Analyzer Pro, fabricado pela empresa sueca XTZ.
Quanto custa esse equipamento? Aqui temos a grande surpresa: apenas 290 euros.
( www.xtzsound.eu/product/room-analyzer-ii-pro ) (*3)
Sim, é muito mais barato do que a maior parte dos cabos que os “especialistas” sugerem que utilizemos para ajustar “de orelha” o nosso sistema, mas, eles preferem não contar isso, pois o mercado de cabos esotéricos é algo bastante lucrativo para fabricantes, revendedores e anunciantes.
Mesmo utilizando um dispositivo DSP (Digital Signal Processor) para correção acústica de salas, eu consigo obter uma visão muito mais precisa das condições acústicas do ambiente, não só corrigindo problemas existentes como também realizando a customização do sistema para otimizá-lo às minhas condições auditivas pessoais, como já tratamos em artigos anteriores sobre a Customização de Sistemas de Som.
As ligações são simples, um cabinho para a entrada USB do computador, uma conexão no amplificador para gerar o sinal de teste, e o posicionamento do microfone que vai captar este sinal e fazer todas as leituras necessárias para fornecer os gráficos que mostrarão as reais condições acústicas do sistema.
Ele ainda vai identificar as frequências que precisam de correção (os “modos”) e fornecer os parâmetros necessários para se fazer os ajustes de um equalizador paramétrico, por exemplo, detalhando as frequências a serem corrigidas, as larguras de banda e suas intensidades.
O usuário pode ainda modificar o posicionamento de suas caixas acústicas na sala, mudar o ponto de audição ou mesmo fazer alterações na mobília, observando suas consequências imediatamente na tela do computador, em questão de segundos.
Uma pesquisa pode mostrar outras soluções parecidas com o dispositivo da XTZ, mas esta é bastante eficiente e com um preço muito acessível.
O Uso de Dispositivos DSP e Equalizadores Paramétricos
Muitas correções podem ser feitas com o reposicionamento das caixas acústicas, por exemplo, mas para melhor resultado precisamos da ajuda de equipamentos específicos.
Alguns audiófilos da velha guarda ainda demonstram receios em utilizar dispositivos de correção acústica, como os DSP e os equalizadores paramétricos. Essa é uma preocupação que poderia ter algum sentido no passado, mas a tecnologia tem fornecido opções muito interessantes e bastante confiáveis para que consigamos obter os melhores resultados nessa empreitada.
Eu utilizo com muito sucesso dois equipamentos Anti-Mode 2.0 Dual Core fabricados pela finlandesa DSPeaker, um para o sistema estéreo e outro para o HT.
Seu desempenho na função de correção é excelente, conforme já avaliamos aqui, e não provoca qualquer deterioração do som na função de correção da sala. Alguns usuários relatam algumas restrições quanto ao seu uso como DAC, já que ele é multifuncional, mas nada impede que ele seja utilizado conjuntamente com um DAC de sua preferência, que é o que eu faço em meu sistema.
Ele proporciona uma correção bem interessante na faixa mais crítica das baixas e médias baixas frequências, de forma automática, levantando a curva de resposta do sistema e já procedendo os ajustes pontuais necessários.
Existem outras soluções bem interessantes de renomados fabricantes de produtos high-end, e outros já utilizam este dispositivo diretamente em seus produtos, como é o caso da conceituada Meridian.
O DSP apresenta uma importante vantagem em relação aos cabos, pois ele é capaz de fornecer precisos ajustes pontuais com a correta intensidade de largura de faixa, dispensando completamente a preocupação com a troca constante de cabos na tentativa de se chegar próximo a algum resultado animador. Adeus upgrade de cabos !
Um amplificador paramétrico de nível audiófilo também pode ser utilizado com os mesmo resultados, porém, exigindo um ajuste manual do usuário, o que também não é um bicho de sete cabeças. Em conjunto com o analisador citado anteriormente, os resultados dessa solução se mostram surpreendentes, mudando completamente o equivocado conceito de ajuste de sistemas que o mercado insiste em “empurrar” com a utilização de cabos e dispositivos “mágicos”.
Conclusão
O objetivo deste artigo não é entrar em detalhes sobre o funcionamento destes dispositivos ou as formas de ajuste, mas tão somente chamar a atenção para este importante tema e mostrar como a correção acústica hoje é algo acessível a todos.
Evitamos ao máximo os termos técnicos, e as imagens apresentadas possuem um efeito ilustrativo, não devendo assustar o leitor, pois também são facilmente interpretadas na prática.
O mais importante aqui é compreender a importância do tratamento das condições acústicas do nosso sistema de som, como um elemento essencial para se começarmos a falar em qualidade final.
Sem o adequado trabalho acústico, não é possível extrair o melhor desempenho do sistema, e acabamos entrando numa ciranda de trocas de equipamentos sem fim, quando o problema está de fato na acústica.
Eu observo graves erros das condições acústicas em muitas salas. Mesmo salas de referência de publicações especializadas apresentam erros básicos, como a utilização de difusores (falaremos sobre isso em breve) e a instalação de equipamentos de áudio na mesma sala de audição, justamente no ponto de maior concentração de energia sonora. E, pior do que isso, não vejo a menor preocupação em realizar uma avaliação precisa destas condições acústicas.
Comentários do tipo “tal cabo apresentou agudos mais proeminentes”, “este amplificador fornece graves mais secos”, “estas caixas conseguiram proporcionar graves mais controlados” e outros semelhantes são simplesmente um desrespeito ao consumidor. Como pode alguém avaliar um equipamento ou um acessório sem balizar os resultados com as condições acústicas obtidas através de medições confiáveis? Os subjetivistas podem falar em gosto pessoal, mas jamais conseguirão estabelecer com mínima precisão o valor ou o desempenho de um produto “de orelhada”.
Há outro erro também bastante comum, onde se busca primeiro construir uma sala com os “melhores critérios acústicos”, medindo tudo antes, e somente depois incluir os equipamentos nesta sala supostamente “perfeita”.
A acústica deve ser analisada e tratada também com a sala completa, pois a colocação de um rack com os equipamentos, o posicionamento das caixas e dos móveis, um simples tapete ou até a poltrona pode afetar de forma bastante contundente os resultados finais.
Já conheci salas com equipamentos que ultrapassavam os US$ 200 mil dólares com desempenhos inferiores a salas onde se gastou menos que um décimo disso, mas nestas houve uma preocupação mínima com uma avaliação acústica séria.
O investimento em dispositivos de medição e controle é muito baixo se comparado aos benefícios obtidos, que são reais e nem um pouco subjetivos.
Com um mínimo de conhecimento, que esperamos em breve passar aqui para os nossos leitores, é possível ter uma “radiografia” precisa das condições acústicas da sala sem a necessidade do emprego de procedimentos de elevada complexidade. É claro que quanto mais nos aprofundamos no tema, melhor o resultado.
Outra vantagem de investirmos nesses dispositivos é poder realizar a customização de nosso sistema de acordo com as nossas características auditivas. Até mesmo quem criticava e se recusava a aceitar o fato de que ouvimos de forma diferente vem mudando de opinião, colocando-se numa posição de clara concordância ou de pronunciamentos contraditórios que denunciam a aceitação deste fato.
Estas ferramentas apresentadas aqui são muito úteis para a customização que já vínhamos propondo em outros artigos.
Espero poder entrar em mais detalhes sobre este tema, inclusive mostrando na prática como estes ajustes são feitos, tomando como exemplo a construção da minha sala de audição atual.
Neste primeiro momento, espero ter conseguido demonstrar a importância deste assunto e ter tido sucesso em provar que os “ajustes finos” que o mercado sugere, com a troca de cabos e a instalação de acessórios inúteis não é o caminho correto para podermos extrair o máximo desempenho de nosso sistema de som.
Em minha nova sala consumi semanas de testes e avaliações para ajustá-la e, principalmente, para aprender mais sobre este assunto, e posso afirmar pelas observações que fiz que cabos não proporcionaram qualquer efeito real nos resultados, sendo suas interferências praticamente insignificantes para as correções desejadas.
Se este primeiro objetivo foi atingido, já me dou por satisfeito nesse momento.
*1 . Importante lembrar que o amante da música bem reproduzida (ou o audiófilo) também é um consumidor, e não deve ser visto como uma “raça alienígena” que se dedica a um hobby de outro planeta.
Muitas vezes o audiófilo é visto como alguém que tem gostos estranhos, que gasta fortunas em equipamentos que somente ele consegue apreciar em sua magnitude por possuir dons especiais de audição. A audição de música é um hobby como qualquer outro ao qual podemos nos dedicar, seja a paixão pelo cinema, pela fotografia, pelo motociclismo ou qualquer outro onde consumimos produtos para que satisfaçam os nossos objetivos.
*2 . É muito difícil acreditar que um teste realizado por uma publicação ou qualquer outro espaço que acolhe anunciantes pode ser imparcial, afinal, o anunciante investe em busca de resultados, e a avaliação positiva de seu produto é muito impactante para o seu sucesso no mercado, tornando o anúncio ainda mais valioso para o anunciante e para quem fornece o espaço publicitário.
*3 . O Hi-Fi Planet não revende produtos ou patrocina qualquer marca. O leitor interessado no produto deve entrar em contato direto com o fabricante.
Olá Eduardo,
Excelente abordagem !
Gostei muito do texto e sou testemunha de tudo o que voce relatou acima. O caminho é bem por aí mesmo.
Se o pessoal desse maior atenção para acústica seria muito mais feliz com os seus sistemas, porque o que tem de gente infeliz por aí pensando no proximo upgrade é impressionante.
Gostei das alfinetadas na hora certa, alias uma caracteristica corajosa de seus textos. Tá na hora mesmo do mercado acordar.
Cara, voce faz muita falta lá naquele fórum. Hoje é só mulecada com os egos inflados e que não sabe nada querendo mostrar que sabe mais do que todos.
Tem 2 ou 3 idiotas que adoram te criticar e não perdem uma chance, mas no geral a maioria reconhece a sua dedicação e a sua contribuição para o crescimento deste hobby, e acham muito bacana da sua parte compartilhar tudo isso com a gente.
Não posto mais lá há meses mas troco muitas MPs com os amigos que fiz lá. Só isso se salva hoje, alguns bons amigos que ainda guardam alguma lucidez.
Vou acompanhando…
Sucesso pra você e uma boa noite a todos.
Danilo
Obrigado, Danilo.
Abração
Eduardo
Prezado Sr. Eduardo
Gostei muito de seu artigo e gostaria de lhe fazer algumas perguntas, e caso possa respondê-las, lhe agradeço.
1. Como interpreto os resultados do software XTZ e como devo fazer as correções no Anti-Mode?
2. Posso usar armadilhas de graves para esse ajuste, quantos e onde devo posicioná-los?
3. Sobre a customização de sistemas, fiquei impressionado em saber que ouvimos diferente. Isso é mesmo comprovado? Pois já li que nossos ouvidos interpretam da mesma forma os sons, e que ouvimos de forma idêntica.
4. Achei interessante o comentário de tentarmos transportar para a nossa sala um som que ouvimos num evento ao vivo que também está contaminado por distorções de ordem acústica. Mas, como podemos evitar isso?
5. Haverá continuidade deste tema? Achei ele bem interessante.
Meus sinceros agradecimentos, e parabéns pelo excelente nível de qualidade do site e das informações publicadas.
Atenciosamente,
Matheus Pear – Minas Gerais
Olá Matheus,
Obrigado pelas considerações tão gentis. Fico feliz que tenha gostado do site.
Vamos às suas perguntas:
1. O objetivo deste artigo não foi realmente ensinar ninguém a interpretar ou realizar modificações acústicas numa sala. A intenção aqui foi de:
a) Mostrar a importância da acústica para o resultado final de um sistema de áudio;
b) Provar que sem ferramentas adequadas e ciências aplicadas não temos como conseguir um resultado preciso na avaliação e no ajuste do sistema;
c) Provar que um dispositivo para essa avaliação é bastante acessível, e pode custar menos que um cabo que pouco fará para fornecer um resultado mínimo de qualidade final;
d) mostrar que existem dispositivos capazes de realizar com bastante precisão os ajustes necessários.
O tema é bastante longo, e se entrássemos em questões como tempo de reverberação, reflexões e absorção de ondas sonoras, e tudo mais que envolve a teoria acústica, não conseguiríamos transmitir essas idéias primordiais.
A intenção é de aprofundar no tema, como fizemos com a Customização de Sistemas de Áudio, que começou expondo a idéia e foi sendo detalhada ao longo de outros artigos.
Mas, neste momento, queríamos apenas chamar a atenção para um tema tão importante e muitas vezes desprezado.
2. Entraremos neste tema no futuro. O uso indiscriminado de armadilhas de graves, difusores, absorvedores e outros recursos não conseguem atuar com precisão sobre os problemas existentes. Aguarde antes de comprar estes produtos apenas porque alguém disse que são maravilhosos e podem transformar o seu som da água para o vinho. Isso não é verdade. Se fosse assim, não haveria tantos estudos sobre o tema, bastaria comprar os acessórios e jogá-los na sala que tudo estaria resolvido.
Algumas publicações e curiosos que afirmam estas barbaridades sequer realizam medições para comprovar e compreender os efeitos provocados por estes dispositivos. Eu estou fazendo isso.
3. Os poucos críticos deste fato começam a se render à realidade, pois é realmente… um fato !!! Não podemos fugir dele apenas porque aceitar isso coloca abaixo interesses pessoais.
Mas, não acredite em mim ou em algum crítico que ainda possa persistir no erro. Converse com médicos especializados em audição e outros profissionais da área, e eles irão lhe confirmar que realmente ouvimos diferente, pois eles sempre souberam disso. Foi o que eu fiz, indo atrás de quem conhece o tema a aprendendo com eles.
A pior coisa que existe é acharmos que sabemos tudo, sem ter tido uma formação acadêmica para compreender os fenômenos.
Precisamos lembrar que a ciência é uma evolução de experimentos, teorias e fatos que elaboram o conhecimento. Não podemos achar que tudo isso está errado e que o áudio high-end não pode ser explicado pela ciência.
Converse com os espacialistas desta área de audição, e eles irão te comprovar o que todos sabiam ou já tinham idéia sobre isso, mas alguns tentaram esconder ou negar para não ver seus castelos de sonhos desabarem.
4. Não podemos, infelizmente. Tudo o que ouvimos ao vivo está contaminado pela acústica e pelas variações de nossos ouvidos, e, lamentavelmente, não inventaram ainda um dispositivo para que possamos usá-lo e corrigir tudo isso. Mas, saiba que este tipo de acessório já está sendo desenvolvido por algumas empresas, e em breve poderemos ter novidades.
5. Sim, com certeza !!! O que apresentamos aqui foi apenas um rabisco sobre o tema, e vamos tentar nos aprofundar nele. Ainda estou aprendendo também, e já descobrindo como tantas informações absurdas foram divulgadas sobre isso ao longo de tantos anos.
Não quero cometer os mesmos erros de outros, formando conceitos equivocados e que apenas confundem o consumidor e o coloca numa selva escura, achando que tudo à sua volta é um mistério. Áudio não é isso, e vamos encontrar os caminhos que foram apagados ao longos destes anos de atraso.
Abraços
Eduardo
Olá Eduardo
É claro que nossos ouvidos interpretam da mesma forma os sons e todos ouvimos de forma idêntica, pois somos morfológicamente iguais.
Só que não podemos esquecer que no universo dos seres humanos existem patologias que afectam a qualidade da audição de muitos de nós, muitos até nem ouvem nada o que ainda é pior.
Também convém não esquecer que com o avançar da idade perdemos faculdades e a audição está incluída.
Parece que há pessoas que se esquecem destes pormenores e pensam que aos 50 anos captam as mesmas frequências de quando tinham 20 anos, o envelhecimento tem destas coisas não há volta a dar.
Depois ficam muito admiradas quando lhes dizem que ouvimos diferente, só podem estar a brincar!
Tenho um amigo audiófilo que quando testa (subjectivamente) equipamentos de audio em minha casa não consegue ouvir algumas diferenças entre eles que para mim são óbvias. Logo ouvimos diferente e ponto final.
Obrigado por mais este excelente artigo que partilhou connosco.
Aquele abraço!
Jose Santa
Texto bastante básico, mas muito oportuno.
O audiófilo, de modo geral, é pouco preocupado com o aspecto acústico e realmente valoriza mais o equipamento.
Costumo dizer que não adianta ter a mais potente Ferrari já fabricada se ela for usada com combustível ruim numa pista cheia de buracos e calombos. A acústica também provoca “buracos e calombos” que deterioram substancialmente o som. O artigo foi bastante oportuno, e vamos ver se consegue convencer esta população audiófila.
Admiro a leveza do texto, onde facilmente percebemos a intenção do autor em torná-lo bastante acessível e sem complicações que, normalmente, afastam o leitor mais preguiçoso.
É óbvio que ouvimos de forma diferente, e se não fosse assim não haveriam tantas impressões contraditórias mesmo entre aqueles com ouvidos mais treinados. Por mais treinados que sejam, eles não conseguem corrigir as suas limitações.
Em outra comparação, posso dizer que não adianta alfabetizar um indivíduo que não consegue enxergar o que está escrito num livro. Quando inventarem as “lentes auditivas” talvez consigamos resolver estas diferenças, mas até lá a sugestão proposta aqui pelo Hi-fi Planet se mostra bastante interessante e única, já que não vi até hoje algo parecido sequer nas publicações internacionais que costumo ler.
Conheci o Hi-fi Planet no ano passado, já o autor do artigo é bastante conhecido e respeitado nos fóruns que já participou, apesar de eu mesmo não ter tido um contato direto com ele. De qualquer forma, ambos estão de parabéns, o site pelo conteúdo inteligente e inovador, e o autor pelo seu conhecimento e pela facilidade de colocar com bastante simplicidade as suas idéias, e ainda com coragem para enfrentar a resistência dos que alimentam os mitos que transformam a música bem reproduzida em algo de exagerada complexidade.
Se houver uma forma de poder contribuir com este site, mesmo financeiramente, apresento já a minha intenção de fazê-lo. Lamentavelmente, só não consigo colaborar com textos igualmente tão brilhantes por falta de tempo, de conhecimento e de didática.
Parabéns !
Olá Jose Santa,
Muito obrigado por mais uma vez prestigiar este espaço com a sua presença.
Abraços
Eduardo
Olá Murilo,
Obrigado pelas palavras de incentivo.
Agradeço muito a sua oferta, mas não aceitamos qualquer espécie de contribuição financeira ou outros favores. Esta é uma filosofia adotada desde a criação deste site de mantê-lo longe de qualquer remuneração de qualquer espécie, preservando a sua credibilidade e imparcialidade.
Mas, você escreve muito bem. Fique à vontade para participar e colaborar com as suas idéias e opiniões.
Abração
Eduardo
Boa noite amigos
Conheci hoje este blog e já estou fascinado com a quantidade e a qualidade de informações que estou encontrando aqui. Vejo que é uma nova linha de abordagem do hi end, mais séria, coerente e responsável, feita por gente que conhece mesmo o assunto.
Este tema da acústica me chamou bastante a atenção pois estou justamente finalizando a montagem de uma nova sala. Aliás, quero dizer que seguindo uma orientação de vocês aqui estou deslocando o equipamento da sala, para que não fique entre as caixas.
Gostaria de fazer alguns questionamentos, se me permitem.
Se eu usar um dispositivo de correção de sala, ainda assim vou precisar fazer um tratamento acústico?
Um bom equalizador preciso pode realizar esta correção e ao mesmo tempo fazer a adequação do sistema para os meus ouvidos? Tenho perda na região dos agudos e incômodo acentuado em algumas frequências médias.
Percebi que na sua sala você usou inclusive tratamento no teto, isso é realmente necessário?
Notei que você não aprova o uso de difusores, o que devo usar então.
Obrigado e parabéns pelo excelente blog.
J Damon
Olá Damon,
Obrigado pelas suas considerações sobre este humilde espaço.
Fico contente em saber que ele tem sido útil e aproveitado pelos nossos leitores.
Um dispositivo para correção acústica, seja ele um DSP, um equalizador paramétrico ou outro qualquer, não substitui um bom tratamento acústico, mas o complementa.
O tratamento acústico é necessário, e o dispositivo de correção fará os ajustes finais necessários, pois o tratamento não consegue ser totalmente eficiente por uma série de razões. Observe que esta é inclusive a solução adotada em minha sala.
O tratamento acústico é um tema bastante rico, e espero abordá-lo mais profundamente em breve.
Sim, um equalizador de bom nível e precisão é capar de operar milagres em sua sala, realizando as correções necessárias e adequando o sistema às suas características individuais de audição.
Sim, o tratamento acústico no teto é muito importante, principalmente no controle das primeiras reflexões. Já cansei de ver salas com paredes tratadas e até pisos forrados com tapetes grossos, mas com o teto sem qualquer tratamento.
Isso é muito ruim, pois as reflexões do teto são ainda mais prejudiciais que as das paredes laterais, já que o atraso é ainda maior. Não deixe de realizar um bom tratamento no teto e, por favor, evite a todo custo rebaixamento de gesso, que é responsável por um grande números de ressonâncias indesejadas.
Entraremos nesta questão dos difusores em breve. Descobri que há um erro conceitual na sua utilização. Eles mais prejudicam do que ajudam.
Utilize materiais absorvedores para eliminar as reflexões. “Espalhá-las” não é uma boa idéia.
Não se esqueça de adquirir um dispositivo para realizar as medições da sala. Ele é essencial para um trabalho bem feito.
Sem “visualizar” os resultados, você acaba meio que “chutando no escuro”, dependendo exclusivamente de observações puramente subjetivas e cálculos teóricos nem sempre certeiros em função de vários parâmetros que interferem nos resultados.
Todo este trabalho vale a pena, pois uma vez feito, os resultados são muito compensadores e duradouros.
Abraços
Eduardo
Excelente. Resta agora o audiófilo se conscientizar da importância da acústica.
Na maioria das salas que vejo o sujeito coloca um painel absorvedor do lado de cada parede, um difusor na parede frontal e um tapete grosso, e acha que fez a sua parte. O resultado disso é um desastre, aí ele passa o resto dos seus dias trocando aparelhos e cabos, quando não acusando as gravações.
Na dúvida, melhor forrar tudo com espuma ou fibra. Vai errar menos.